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O Aikido como Arte Integrativa

AikidoCom a difusão do Aikido pelo mundo, podemos encontrar em diferentes dojos (local onde se pratica o Aikido) maneiras diversas de se treinar e praticar esta arte. Existem até diferentes rótulos que foram utilizados para nomear o Aikido de determinado praticante ou associação, como Aikikai, Iwama, Shodokan, Shin Shin Toitsu, Yonshinkan entre outros.

Basicamente, cada pessoa foca a prática e o propósito de seu treino a partir de suas crenças e motivações pessoais. O próprio Aikido foi desenvolvido a partir das crenças, percepções e propósitos pessoais de Morihei Ueshiba ao longo de seus anos de vida. O nome que Ueshiba batizou sua arte possuí nela mesma a sua essência: aiki (Ai= harmonia, integração, união; Ki= energia, vida).

Há pessoas que focam o treino na marcialidade, na eficiência do combate físico e nas técnicas de luta alegando que o desenvolvimento pessoal e até espiritual é consequência deste tipo de abordagem. Há outros dojos onde o foco do treino está na filosofia, no auto-conhecimento e no desenvolvimento pessoal através do Aikido, deixando a defesa pessoal como consequência natural do treino. Não há nada de certo ou errado em se treinar focando estes diferentes aspectos do Aikido. Cada abordagem irá apenas ter consequências e resultados próprios e diferentes, sendo que cada praticante irá se afinizar com o instrutor que tiver crenças e motivações similares.

No Instituto União, percebemos que o Aikido transcende o rótulo de arte marcial. Consideramos e praticamos o Aikido como uma arte integrativa, ou seja, uma prática capaz de integrar corpo, mente, energia e a própria vida no momento presente. O treino passa a ser um laboratório onde o praticante pode experimentar conceitos de centramento, fluidez, não-resistência, harmonia, integração, naturalidade, cooperação, presença e resolução de conflitos.

As técnicas e exercícios utilizados no Aikido são praticados sozinho, em duplas, trios ou mais pessoas. O foco é a auto-percepção consciente do corpo e da mente onde todos aprendem e se desenvolvem juntos. A respiração e os movimentos vão se tornando cada vez mais naturais utilizando-se o mínimo de força necessária.

Em uma abordagem integrativa, a pessoa que faz o papel de uke (a pessoa que recebe a técnica) treina sua intencionalidade ao iniciar um movimento ou segurar o nague (a pessoa que aplica a técnica). É preciso esclarecer que a intenção do uke não é de ferir, lesionar ou dominar o parceiro, e sim de intencionar a energia através do corpo para determinado sentido ou direção. Após o início do movimento, o nague se harmoniza e flui com o movimento do uke e passa a direcioná-lo praticando a técnica em questão. Neste ponto, há uma troca de posturas onde agora o uke passa a acompanhar o movimento da técnica que o nague está aplicando. Com isso, é o uke que passa a treinar a não-resistência e a sensibilizar a auto-percepção corporal. O nague, por sua vez, passa a treinar o centramento, a verticalidade, o equilíbrio e a naturalidade dos movimentos sem esforço desnecessário.

A postura interna do uke para com o nague passa a ser de ajudá-lo a treinar e aperfeiçoar a técnica sendo aplicada, enquanto que a postura interna do nague para o uke passa a ser de ajudá-lo a fluir com o movimento e alongá-lo fisicamente nas técnicas que envolvem torções, ao invés de ser uma postura de ataque/defesa ou dominador/dominado. Ambos passam ter plena consciência de que estão se ajudando e cooperando para o desenvolvimento integral de si mesmos no Aikido e na Vida.

Algumas pessoas confundem o treino de Aikido com uma situação real de combate e esse é um dos grandes obstáculos que pode estar impedindo-os de se desenvolver e compreender o Aikido. Vale ressaltar que as técnicas do Aikido foram baseadas em uma antiga arte marcial chamada Daito-Ryu Aikijujtsu. Nesta arte marcial, o foco era sim o combate físico e as técnicas eram focadas na destruição e domínio do oponente. No Aikido, tais técnicas foram modificadas e adaptadas para que todos os praticantes tenham a oportunidade se desenvolver integralmente e sem o risco de lesão física ou emocional. O foco deixou de ser o combate físico ou domínio do oponente, e sim o entendimento e a compreensão de si mesmo e do outro. Um propósito totalmente diferente da maioria das artes marciais.

Autor: Saulo Nagamori Fong
Twitter: @SauloFong
Aikido – Instituto União
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